Conde da Boa Vista #2 - Beto, o Che Guevara vendedor de doces

Quem anda pela Avenida 'Conde da Boa Vista' sabe que o comércio informal e os ambulantes estão espalhados por toda a parte. Nas calçadas, nas paradas de ônibus e até no meio da rua, todos tentam aproveitar o intenso fluxo de pessoas numa das principais e mais movimentadas vias da cidade.

Entre tantos ambulantes e comerciantes, um deles chama a atenção. No horário de pico de uma tarde de quinta-feira, encontramos Beto. Um paraibano que mora no Recife há dez anos e vende água, salgadinho e bombom a que espera pelo ônibus ou simplesmente o que passa por ele. O que faz com que Beto se destaque em comparação aos outros é a sua semelhança com Che Guevara. Inspirado pelo guerrilheiro argentino, Beto, mais conhecido pelos clientes como “Che”, tem os cabelos longos e constantemente usa uma boina. Em meio aos seus produtos, um pequeno quadro mostra a imagem do grande ídolo.

Localizado em um dos extremos da Boa Vista, Beto/Che vivenciou as inúmeras transformações ocorridas no local, sendo a principal delas o deslocamento das paradas de ônibus para o meio da Avenida. Os assaltos e acidentes tornaram-se mais corriqueiros. Entretanto, apesar da violência constante, o ambulante nunca pensou em deixar o seu lugar de trabalho. Segundo ele, mesmo nunca tendo sido assaltado, “está acostumado com a violência” e continua na Boa Vista por acreditar ser um bom ponto para ganhar dinheiro. Dessa mesma maneira pensam inúmeros comerciantes que enxergam nos 1,7 km de extensão da avenida um ambiente de oportunidades e lá escolhem montar os seus negócios.

Quando perguntado se teria um conselho para dar a alguns estudantes em início de carreira, ele é direto: 'saber levar a vida'. Palavras de alguém que vive diariamente exposto a intensidade e velocidade dos acontecimentos. Ele também acredita no poder da educação na vida das pessoas, "sem educação a gente não é nada”, diz ele, sem hesitar.

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